24/07/22
Série: Meus Poetas (605)
Bom Dia Poético com Diogo Borges
(Rio de Janeiro / RJ)
Coreografias
para dançar na pele
uma coreografia da
língua
termine íntimo o tato
que desborde a calma
e desalinhe a cama
se lá fora a chuva fina
aduba a manhã
dentro o afeto rima
e adormece o corpo
sobre a trama
depois do almoço
um café e toda a tarde
conhecendo a geografia
desse corpo
a dança das mãos batendo
as cinzas
um sorriso torto
o olhar querendo a noite
na retina
para dançar na língua
uma coreografia da pele
a palavra seja o fogo
que comece no poema
a liberdade de soltar
escama e crina
se o touro à noite se
levanta
arrebenta e cerca
arde em chamas
queima o pasto da
palavra
que rumina
depois da noite
o vento atiça os cabelos
no despenhadeiro da madrugada
e faz feitiço
essa coisa de dançar
embaraça
e dá viço.